As nossas verdades pessoais têm base nas experiências que vamos tendo ao longo do caminho e funcionam como orientações para a nossa vida.
No entanto, cada situação é única e as pessoas com quem vamos lidando ao longo da vida são diferentes entre si.
Na realidade até a mesma pessoa tem atitudes e comportamentos relativos a cada conjunto de circunstâncias pelo que também estes são muitas vezes únicos.
Por isso temos a capacidade de corrigir estas respostas automáticas que resultam das nossas verdades pessoais (leia-se crenças e paradigmas).
Contudo, só temos oportunidade de utilizar essa capacidade se nos apercebermos de quão único é cada momento, ou seja, se a nossa consciência estiver no momento.
Não é fácil porque vivemos no automático, mas é tão simples porque é assim que já funcionamos. É só mudar o foco.
Mudar o foco é um treino necessário para o nosso próprio bem-estar.
Cada vez que pensamos que sabemos o que vem aí, estamos a operar sob as nossas crenças.
Cada vez que pensamos conhecer bem os comportamentos e atitudes daquela pessoa e, por isso, o que esperar dela, estamos a operar sob as nossas crenças.
Cada vez que antecipamos o futuro ou interpretamos o passado, estamos a operar sob as nossas crenças.
Porque é o que fazemos a cada instante. Vivemos no automático.
Claro que essa capacidade nos é muito útil e não tem mal algum. Permite-nos preparar determinado desempenho. Permite-nos programar as nossas acções em determinado sentido que nos parece alinhado com os resultados que pretendemos.
Permite-nos lidar com uma emergência, agir por instinto ou precaver-nos de um perigo real.
No entanto, como em tudo o resto na vida, quando recorremos persistentemente a uma mesma resposta / capacidade / mecanismo é quando esta/e começa a trazer prejuízo e, eventualmente, se tornar uma perturbação (física ou psíquica) na nossa vida.
Reconhecendo que tendemos para tudo o que é mais fácil e confortável, as nossas verdades pessoais tornam-se uma espécie de jaulas psicológicas. Elas limitam os nossos comportamentos, as nossas emoções e, sim , o próprio pensamento.
A solução passa por abrir a mente a novas perspectivas. Se não se trata de uma urgência ou emergência, podemos estar mais atentos ao momento presente sem julgamento. Porque cada momento é um momento único, mesmo que se assemelhe a tantos outros. E a nossa própria atitude a cada momento é um dos factores que influencia o resultado dessa equação.
Assim sendo, determinado momento pode ser igual a tantos outros que já foram ou o seu comportamento pode torná-lo único.
Sair da zona de conforto traz um desconforto inicial. Depois vem a liberdade.
«A sua dor é o quebrar da concha que aprisiona o seu entendimento.»
Kahlil Gibran