Pessoalmente, não gosto muito de ditados populares porque, geralmente, o seu uso já se distanciou em muito do seu contexto original. E além de serem usados fora do contexto, são usados de forma inadequada, servindo apenas para, na maioria dos casos, manter e fortalecer crenças erróneas ou pouco úteis.
No entanto, hoje trago um.
Quem não se sente não é filho de boa gente.
Este ditado popular é usado muitas vezes para justificar ressentimentos, mágoas e até vinganças. Promovendo, inclusive, prisões ao passado.
Não sentir a emoção, o impacto, de uma situação que o justifica, implica uma distância emocional de si mesmo ou uma expressão anulada. Esta resposta não seria saudável. Já sentir este impacto será saudável, mas agarrar-se a este facto e prolongar este sentimento no tempo não.
A resposta saudável a uma situação que cause grande impacto tem 3 fases. A primeira é o momento do embate, na qual pode haver acção ou inacção devido a este impacto inicial.
A segunda é a fase da digestão, o momento em que precisa de digeriraquilo que aconteceu.
É então no momento em que começa a pensar “o que tenho/preciso de fazer agora?” e finalmente “o quero/vou fazer agora em relação a isto?” que passa para a terceira fase, a da acção. Acção junto do outro ou por si mesmo. Acção para que arrume o assunto, para que este não o prenda desnecessariamente àquele momento no passado. Para que possa, realmente, seguir em frente.
Assim sendo, se a digestão de algum assunto do passado lhe continua difícil, procure uma estratégia que a facilite. E que o ditado “Quem não se sente não é filho de boa gente” não lhe sirva de desculpa para ressentimentos, pois este sentir reciclado só continuará a causar prejuízo.
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