Muitas vezes nos queixamos de que a nossa mente não pára, que nos é difícil relaxar devido a este processamento constante de informação. Certamente cada pessoa terá uma melhor forma de o fazer e enquanto não a encontra poderá experimentar diversos exercícios para o efeito.
Uma vez que este movimento interno constante é uma queixa que ouço frequentemente em clínica, algo que é sentido como um problema, partilho algumas dicas de práticas muito simples e familiares, que ficam por vezes esquecidas lá no fundo do baú.
Não basta apenas querer parar a mente no momento. Mandá-la calar não produz efeito.
Mas pode observar os processos e conversas interiores na sua mente. Observar sem se identificar com aquilo que observa, como se “observasse” o diálogo entre duas pessoas que lhe são estranhas, no meio da rua. E a cada momento em que notar que se deixa ir com um pensamento ou imagem, saia desse ‘papel’ e observe de novo, apenas como um ‘vizinho’ atento. Eventualmente, a velocidade de processamento vai diminuindo e os pensamentos vão cessando. As águas do seu lago interior ficam serenas.
Se lhe é difícil permanecer no papel de observador, experimente ocupar a mente, dar-lhe algo que fazer que não lhe permita perder-se em divagações, como por exemplo a contagem na respiração.
Feche os olhos e respire profundamente. Solte o ar lentamente. Continue a fazê-lo e comece a contar cada expiração.
Respire profunda e lentamente de forma confortável. Conte até 20.
Ignore quaisquer sensações, pensamentos, emoções e tudo o mais. Deixe-os ‘passar’ mantendo a sua atenção focada apenas na respiração e na contagem.
Repita pelo tempo que achar necessário.
Estará a dar à sua mente consciente algo com que se entreter enquanto acalma o seu subconsciente. Se a contagem lhe é tão fácil que não impede as suas divagações, experimente contar de 20 até 1.
Um outro exercício interessante é o sugerido por Robert Peterson, que nos pergunta se já alguma vez vimos um relâmpago e parámos por instantes para ouvir o trovão que o segue. Ou talvez tenhamos tido a sensação que alguém bateu à porta ou o telefone tocou lá longe de onde nos encontramos. Nesses momentos, nós paramos de pensar e ficamos à escuta. E a mente fica quieta por alguns segundos.
Imagine então que está prestes a ouvir um som e escute. Apenas escute.
Por um breve período de tempo, a sua mente pára e fica calma. Vá praticando, aumentando um pouco o tempo de escuta a cada vez que o faça. Ao fim de alguma prática, a sua mente ficará calma, sem esforço e durante cada vez mais tempo.

Pode ainda ocupá-la com uma visualização que o relaxe e deixe mais descontraído ou mesmo com a visualização de um projecto que queira levar adiante, prevendo cada pormenor e como se sentirá ao finalizar o projecto.
Se se considera uma pessoa muito mental e que precisa de manter a mente sempre ocupada, sem a conseguir parar, experimente algo mais “radical”, algo que peça mais de si. Recordo-me de uma meditação de Osho que encaixa muito bem neste perfil.
Adaptando-a um pouco pode fazer o seguinte exercício:
Comece por falar, em voz alta, baboseiras sem nexo, na forma de palavras. imagine, como se de uma língua alienígena se tratasse. O objetivo é que os sons não tenham um significado e que não adoptem qualquer padrão.
Despeje tudo cá para fora, parando apenas para respirar um pouco e voltando à carga de seguida. Varie a entoação, a expressão, o tom, os próprios sons para que a sua mente não se habitue a um ritmo que se poderia tornar automático, deixando espaço para pensamentos de fundo. O objectivo é despejar a mente por completo!
Após uns 10 ou 15 minutos cale-se de repente e escute. Esse é o som do silêncio que se instalou na sua mente.
Que delícia!
Aproveite e seja, apenas!
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