Uma vez que nós somos hoje, resumidamente, o que as memórias fizeram de nós, poderá ser útil tomar precauções para prevenir a criação de memórias negativas que possam de alguma forma tomar o controlo da nossa vida, no futuro.
Uma das facetas mais difíceis de entender na nossa existência é o facto de que só a nossa mente nos pode afectar. Nós podemos dizer que são os outros, a vida ou o azar, mas num outro nível de entendimento percebemos que só a nossa mente nos afecta.
Devemos saber que:
- Ninguém pode afectar-nos senão o nosso próprio pensamento;
- Ninguém pode nunca chatear-nos senão os nossos próprios pensamentos;
- Toda a angústia é-nos infligida e imposta por nós próprios;
- Ninguém pode preocupar-nos senão nós próprios.
Uma vez entendido isto, o seu valor é inestimável.
Não é possível causar-lhe impacto ao nível dos sentimentos ou pensamentos – ao seu verdadeiro eu – em qualquer altura, pois é o seu pensamento / consideração / decisão / intenção que o afecta.
Então, deixando as intenções dos outros de lado, só você sofre por ficar com ódio, ressentimentos ou sentimentos de vingança. Ninguém nunca o deixou assustado, chateado, ofendido ou feliz senão a sua própria mente porque se nunca se identificasse, na sua mente, com o que foi dito ou feito, nem tivesse pensado sobre isso, nunca o teria afectado minimamente.

Compreender isto é o caminho para a liberdade.
Como exemplo muito simples: se alguém lhe chamar um nome depreciativo, você tem o poder de decisão para levar a mal ou não, se identificar ou não, pensar no que aconteceu (mesmo sabendo que não interessa para nada) ou não, ficar chateado ou não.
É assim que as coisas se processam.
Exercício
Reveja o que aconteceu hoje e reviva tantas experiências como as que conseguir lembrar. Pegue em cada memória separadamente e veja como foi o seu pensamento que o fez sentir-se ofendido, feliz, zangado ou algo mais. Continue a reviver a experiência, voltando a senti-la, até libertar todos os que participaram na experiência da responsabilidade de o ter afectado.
E, então, reverta o processo e assegure-se que você próprio não assume a responsabilidade pelos sentimentos dos outros porque, sendo assim, foi a identificação que eles fizeram na mente deles com o que você disse ou fez que os afectou.
Esta é uma técnica profunda. O seu uso libertá-lo-á de sentimentos de culpa indevidos, ressentimentos, hostilidades, inibições, raiva contida, emoções reprimidas e, até mesmo, doenças orgânicas com causas emocionais.
Este conhecimento (ou a sua lembrança, pois você sempre o soube) não vai fazê-lo sentir-se mais confortável ou seguro imediatamente. De facto, por vezes pode ser doloroso, porque pode dar-se conta de falsas identidades, várias facetas suas, dos seus mecanismos de defesa, alguma patetice, maldade, ou o seu eu primitivo, talvez pela primeira vez. Mas insista porque estará a recuperar a sua identidade genuína, aquele que ninguém lhe pode tirar.
A sua segurança e conforto irão ser encontrados gradualmente na sua mudança de um pseudo-eu para um eu permanente, mais harmonioso e objectivo.
Este é um caminho para a consciência elevada.
Deixe o seu comentário abaixo
